Aos 82 anos: de analfabeta a artista plástica.

Olhando as obras da artista plastica Therezinha Brandolim fica difícil imaginar a vida pela qual ela passou e mais difícil ainda acreditar que até o 82 anos ela era analfabeta.

Neta de imigrantes italianos,Therezinha Brandolim de Souza, nasceu em Monte Azul Paulista e trabalhou na roça e não teve chances de se alfabetizar. Mãe de cinco filhos, mudou-se para Ribeirão Preto em 1974, já viúva, onde trabalhou como faxineira.

Após a aposentadoria, tentou aprender a ler inscrevendo-se nos cursos de EJA (Educação de Jovens e Adultos), mas não teve sucesso. No total, foram dez anos de matrículas, entre 2000 e 2010. Os professores da época diziam que ela tinha algum tipo de bloqueio.O sonho ficou adormecido até 2013, quando uma de suas filhas, Maria Zulmira, fez contato com a educadora Jany Dilourdes Nascimento, especializada no Método Paulo Freire conseguiu finalmente coloca-la no mundo do aprendizado.

A segunda etapa também foi a realização de um sonho, o de cursar artes plásticas.

Em pouco mais de dois anos de atividade artística, ela já produziu mais de 150 trabalhos tendo a chita como principal matéria-prima, sendo que alguns deles foram vendidos para o exterior. Também já grafitou no Minhocão em São Paulo e sonha em fazer um mural num grande painel, expor em muitos lugares e ir para Nova Iorque.

Mais uma prova que o sonho e sua realização não tem idade.

Por Neila Reis, Professora Mestre em Gerontologia pela Universidade de León/Espanha.

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