Juiz de Fora é uma cidade amiga da pessoa idosa?

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Vivemos uma transição demográfica silenciosa, mas bem acelerada. Essa realidade demográfica traz uma pergunta urgente e incômoda: nossa
cidade está preparada ou vem se preparando para ser uma cidade amiga da pessoa idosa? Para mim, não. E na opinião de vocês, caros leitores e leitoras? Por outro lado, reconheço o trabalho de muitos idosos e idosas, agentes públicos, gestores municipais, profissionais da gerontologia e da geriatria que estão na luta diária e histórica, que vem de longe, para a construção de uma cidade acolhedora, segura e inclusiva para as pessoas idosas.

Construção essa que passa inevitavelmente pelo planejamento urbano, por políticas públicas consistentes e sustentáveis e, acima de tudo, passa por uma mudança de mentalidade de toda a comunidade. O que deve ser uma cidade amiga da pessoa idosa? Deve ser uma cidade que promove ou que deveria promover autonomia, participação e segurança aos seus moradores idosos. Trocando em miúdos: é a cidade que deve ter calçadas planas e bem conservadas; semáforos que facilitem a travessia das pessoas idosas, sem risco de atropelamentos com mortes; unidades de saúde com atendimento humanizado; moradias adaptadas; oportunidades de lazer nas praças da cidade. Quantos dos nossos bairros oferecem calçadas transitáveis para quem tem mobilidade reduzida?

Quantos ônibus contam com elevadores funcionando e motoristas preparados para acolher passageiros idosos? Quantos espaços públicos incentivam a convivência intergeracional e o protagonismo da velhice? Qual é o volume da produção legislativa das vereadoras e vereadores para a proteção social e defesa da vida das pessoas idosas? Há que se destacar, e eu destaco com orgulho, iniciativas importantes que temos na cidade. A atuação do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. Da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara Municipal. Programas da UFJF e de outras Instituições de Ensino Superior com o envelhecimento. Presença pioneira do SESC. SESI + Vida. Câmara Sênior da Câmara Municipal. Polícia Civil. Ministério Público. Associação de Aposentados, Pensionistas e Idosos.

Precisamos integrar esses importantes serviços com a Gestão Pública para efetivamente termos uma Política Municipal ampla, articulada, intersetorializada para a promoção de um envelhecimento ativo e saudável para todas as idades. Ser uma cidade amiga da pessoa idosa não é apenas uma questão de assistência social, direitos humanos ou saúde pública. É um modelo de cidade. É a gente entender que o que é bom para a pessoa idosa também é bom para as crianças, jovens, adultos, gestantes, pessoas com deficiência – é bom para todos nós. A Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe um desenho claro para as cidades que desejam ter o título de CIDADE AMIGA DA PESSOA IDOSA. O que a cidade deve ter? Acessibilidade. Participação Social. Respeito. Inclusão, Oportunidades de trabalho. Acesso à informação. Serviços de saúde de qualidade. Juiz de Fora pode e deve seguir nessa direção.

Qual deve ser o primeiro passo? Começar por onde? Ouvir as pessoas idosas. Elas sabem o que funciona; e o que falta e o que precisa mudar. Envelhecer com dignidade não pode ser privilégio de poucos. É um direito de todos. Que essa pergunta – JF é uma cidade amiga da pessoa idosa? – não fique presa ao título dessa Coluna. Que ela entre e ecoe no plenário da Câmara Municipal, no Gabinete do Executivo, nas plenárias dos Conselhos de Políticas Públicas, nas ruas e nos bairros. Esse é o nosso maior desafio. Vamos em frente!

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar e mantém o canal Longevidades no Youtube (@Longevidades)

Fonte: https://tribunademinas.com.br/colunas/apessoaidosaeacidade/02-11-2025/juiz-de-fora-e-uma-cidade-amiga-da-pessoa-idosa.html