Quedas em pessoas idosas

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A última terça-feira (24), foi um marco importante no calendário temático da geriatria e da gerontologia, que merece uma coluna de destaque. Foi o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, notadamente, quedas em pessoas idosas. Minha expectativa aqui com essas linhas é a de chamar a sua atenção, caro leitor e leitora, que pode estar cuidando de uma pessoa idosa da sua família, e, às vezes, não dá a devida importância sobre a ocorrência de quedas que acontecem com os nossos familiares idosos ou com as pessoas idosas, de um modo geral.

É próprio do senso comum, e têm muitas pessoas instruídas que pensam assim, que não valorizam esses eventos (as quedas). Acham que é normal ou natural, como se esses acidentes, esses desequilíbrios corporais fizessem parte do envelhecimento: caiu, porque tá velho/a, é assim mesmo! Nada disso. Precisamos buscar a informação científica. Quem cai de maduro é fruta. Gente, não. Esse assunto exige das especialidades profissionais muito interesse. E tem que ter mesmo a atuação de vários profissionais de saúde na investigação e elaboração de um diagnóstico sobre o porquê que a pessoa idosa caiu ou vem caindo frequentemente.

Muitas desculpas são apresentadas por algumas pessoas idosas, para justificarem porque caíram: ah, eu pisei no fio que estava solto na sala; não vi o rabo do cachorro, pisei nele e me desequilibrei; minha sandália saiu do pé. São várias situações corriqueiras que podem acontecer e acontecem para as justificativas das quedas, que muitas das vezes, são feitas com um tom pessoal de desprezo e de ironia. Essas desatenções pessoais, certamente, podem e devem contribuir para a incidência desses acidentes, que geralmente, acontecem dentro de casas. Mas, o diferencial é não parar por aqui.

É necessário buscar uma orientação de profissionais qualificados. O familiar cuidador deve ficar atento. E valorizar esses eventos. Diante de um acidente doméstico provocado por uma queda é muito comum a gente ouvir da própria pessoa idosa que sofreu o acidente, o seguinte comentário: “deixa prá lá, isso não foi nada”; “não precisa marcar uma consulta médica, não, isso, passa”. A própria pessoa idosa se negligencia, e, muitas das vezes, com o nosso consentimento. Como cientificamente está dado, é em casa o lugar onde mais as pessoas idosas sofrem com as quedas. Elas caem mais é no deslocamento de um cômodo da casa para outro. Do quarto para o banheiro e do banheiro para o quarto.

É preciso então que a gente crie um ambiente seguro e de bem-estar na nossa casa. Uma boa iluminação. Evitar tapetes soltos pela sala. Fios. Objetos caídos no chão. Ter cuidado com os pets. Mas as pessoas idosas não querem só ficar em casa. Elas querem sair. Ir para as ruas. E como estão as nossas calçadas?.Melhor que elas fiquem em casa. A prevalência de quedas em pessoas idosas pode parecer uma coisa pequena, diante da correria do nosso dia a dia, pode parecer uma coisa boba, mas uma queda pode levar uma pessoa idosa a óbito. Eu tenho memória de relatos de pessoas próximas que me disseram da morte de pessoas idosas por conta de “um simples tombo”.

Se desejamos ter uma cidade para todas as idades é preciso que a cidade execute serviços públicos que incluam as pessoas idosas no seu contexto diário, com segurança e vida, em todas as suas necessidades. Ter um tempo de 12 segundos para a travessia de uma via, não favorece o direito à cidade por muitas pessoas idosas.

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade

Fonte: https://tribunademinas.com.br/colunas/apessoaidosaeacidade/29-06-2025/quedas-em-pessoas-idosas.html